Há mais de 30 anos a meditação faz milagres na minha vida. Quando eu entrei em contato com a meditação, aos 20 anos, a vida estava sem graça. Estava no último ano da faculdade, já trabalhando e ganhando meu dinheiro, num relacionamento “sério”, com o futuro “dourado” todo planejado e em execução… e me sentia vazia. Minha vida parecia ser um sucesso em todas as áreas e eu só me perguntava “então é isso?”. Eu não queria acreditar que a vida era só isso. E se fosse, que tédio! E essa divina inquietação me levou a explorar caminhos inusitados, a meditação foi um deles.
Primeira experiência foi com as meditações ativas. Fiquei muito impressionada pois, antes delas me levarem ao relaxamento e conexão com o silêncio potente dentro de mim, elas me reviravam do avesso, mexendo com meu corpo, meus sentimentos, toda minha energia! Era como me chacoalhar pra fora de uma pele que até então eu acreditava ser a minha para ficar ali, de alma nua e muito viva. A meditação chegou pra mim como um caminho de revelar a realidade. E o jeito de fazer isso era descascando tudo que não é real. Mais fácil falar do que fazer, pois nossos jeitos artificiais de lidar com a vida vão grudando na gente, virando uma espécie de segunda pele, por isso mesmo há que descascá-la.
Logo em seguida também entrei em contato com as técnicas passivas, o Zazen e a Vipassana. Também me encantou. De uma outra forma, elas também convidam a gente a abrir mão, também “descascam”. Ao sentar em silêncio muitos barulhos internos surgem, do corpo, dos pensamentos, das emoções… e esses barulhos são muito sedutores (até os desagradáveis) e é fácil se perder neles. Ficar observando esse carrosel caótico de distrações sem ser abduzida por ele é um grande desafio, e uma bênção.
Me encantou descobrir como o tempo era relativo quando eu estava meditando, como minha mente conseguia ter muito mais clareza e foco e como eu já não me tornava refém das minhas emoções tão facilmente.
Parece difícil meditar, mas não precisa ser. Em qualquer técnica de meditação a gente é convidado a abrir mão dos padrões conhecidos, de pensar, sentir, agir. Voltar a uma inocência de criança, mas nem um pouco infantil, onde existe abertura pra conectar com o momento presente.
Onde a gente fica disponível pra experienciar a realidade com todas suas surpresas e potência. E isso tudo é muito lógico, afinal, não é repetindo os caminhos conhecidos que a gente vai descobrir novas paisagens. E a vida tá sempre oferecendo novas paisagens, apesar da nossa teimosia em nos mantermos nos mesmos caminhos.
Criadas pelo mestre indiano Osho, elas tem o objetivo de ajudar a gente a silenciar. Se você já tentou fazer meditação silenciosa, você sabe da dificuldade em aquietar a cabeça e o corpo ainda que por alguns minutos.
Os pensamentos parecem uma banda de heavy metal num show caótico, o corpo parece lembrar de todas as possibilidades de dor física disponíveis e de repente estar sentada sem fazer nada passa a ser o pior castigo que eu já vivi… Por isso as meditações ativas começam com ação, movimento, espaço pro nosso barulho interno.
Focando em um movimento específico a gente não “força” o corpo e a cabeça a parar, só direciona essa energia pra uma ação não determinada pelo ego. Com esse truquezinho fica mais fácil de relaxar e silenciar depois, o que é o prosseguimento de todas as meditações ativas.
Cada técnica tem seu jeitinho próprio de fazer isso, por isso é bom conhecer várias, até encontrar a que mais você se identifica, o que também pode mudar de um momento para outro.
Primeira meditação ativa que eu fiz na vida foi a Meditação Dinâmica. Comecei bem, quem já fez, sabe. A “Dinâmica” é aquele tsunami energético que não deixa pedra sobre pedra na nossa “organização neurótica” – se a gente se entregar pra ela. A Meditação Dinâmica é a técnica de Meditação Ativa que eu considero mais intensa e radical. Não é gostosa, facinha… requer toda nossa energia e, por isso mesmo, nos coloca em contato com ela e com os bloqueios para acessá-la. Por ser tão forte para o corpo e para os sentimentos, a gente tem que avaliar se “dá conta” do tranco. Se o corpo e a mente estão prontos pra encarar a aventura. E uma vez que estejam, é pra se jogar como se não houvesse amanhã, porque a gente acaba descobrindo que realmente não há, só há aqui, agora.
Existem muitas outras técnicas de Meditação Ativa. Na página osho.com você encontra as explicações de cada uma. As músicas estão disponíveis no Spotify.
Aqui você encontra algumas meditações guiadas por mim, um bom começo pra quem tem dificuldade de silenciar a sós.
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